TEXTO NATALÍCIO

>> sábado, 5 de dezembro de 2009




Vem aí o Natal!


Devagarinho, muito devagarinho, assim como quem come um chocolate delicioso em pequenas dentadas, comecei a tirar o laço. Oh!, era um laço tão bonito, tão dourado, que dava pena ter de o desfazer. Mas a vontade de ver o que estava ali dentro era tão grande!
Agora que o laço estava enrolado em cima da mesa, era preciso retirar o papel. Era um papel vermelho, muito mais vermelho que a crista do Pintinhas. Não, não podia estragar um papel tão bonito. Com ele até podia fazer moinhos de vento.
Com muito cuidado, fui retirando o papel.
O que estaria dentro daquela caixa de cartão? O que seria ? O que seria?
Agora que o papel estava dobrado em cima da mesa, era preciso tirar a tampa da caixa. O que estaria ali dentro?
Tirei a tampa. Vi o que estava dentro da caixa e soltei um grito que espantou a Tareca.
Dentro da caixa estava um livro cheio de histórias, um livro de capa dura com muitas folhas cheias de linhas azuis sem uma única palavra, uma caneta de tinta permanente, um par de meias, uma gravata vermelha e um tambor.
Agora que as prendas estavam alinhadas em cima da mesa, era preciso admirá-las e decidir qual delas deveria usar pela primeira vez.
De repente, senti que tinha os pés gelados. Peguei nas prendas e levei-as para a minha cama.
E ali fiquei muito quieto a saborear o espanto e a alegria.
Por muitos anos que viva, nunca hei-de esquecer esse dia de Natal vivido nessa aldeia muito pequena, escondida por uma enorme mancha de altos pinheiros e carvalhos gigantescos. Pedra de Hera era o seu nome.

natal1.gif image by lurdessonia

António Mota, Sonhos de Natal, Edinter

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